Arquivos

No Paço Ducal encontram-se disponíveis para consulta o Arquivo Histórico da Casa de Bragança, o Arquivo Musical e o Arquivo Fotográfico. Os arquivos podem ser consultados durante o horário de funcionamento (2ª a 6ª feira das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 18h00) após marcação prévia.

Arquivo Histórico da Casa de Bragança

O Arquivo Histórico da Casa de Bragança, instalado no antigo Paço do Bispo-Deão, em Vila Viçosa, é constituído por um conjunto de códices, maços e documentos avulsos num total calculado em cerca de 5000 unidades de instalação, cronologicamente situadas entre os fins do século XVI e o início dos anos 30 do século XX. O cartório original remonta ao tempo da criação do ducado de Bragança, em 1442.

Este arquivo integra, não só a documentação da Casa de Bragança, como também outros fundos documentais que, se lhe juntaram.

O Arquivo da Casa de Bragança foi criado em Vila Viçosa, no Paço Ducal, e consistia, originariamente, nos documentos que comprovavam os direitos e a posse de terras dos primeiros duques. Mais tarde, a administração e gestão de propriedades e senhorios torna-se mais complexa, dando origem à existência de uma Chancelaria, de um registo de mercês e dos sucessivos instrumentos necessários à boa gestão dos assuntos do duque.

Em 1640, o arquivo acompanha o novo rei e é instalado no Paço dos Duques de Bragança, em Lisboa e é aqui que é quase completamente reduzido a cinzas, num incêndio que se sucedeu ao terramoto de 1755. A recuperação dos documentos mais importantes como meios de prova dos direitos e posse de terras da Casa de Bragança faz-se através da constituição de um conjunto alargado de cópias de documentos que se encontravam noutros arquivos, sobretudo na Torre do Tombo, a que se dá o nome de Reforma do Cartório.

A documentação existente hoje em dia reflecte a administração e gestão da Casa na segunda metade do séc. XVIII e até à morte do último rei de Portugal, D. Manuel II, em 1932. À documentação existente em Lisboa junta-se aquela que foi produzida nos almoxarifados – as delegações que, a nível regional e local, administravam os bens da Casa de Bragança e que, em diversas épocas, ingressou no Arquivo Histórico. Este arquivo foi transferido para Vila Viçosa em 1945.

O Arquivo contém ainda a documentação que, entre 1913 e 1919, veio do Palácio das Necessidades para Vila Viçosa, após a implantação da República. Este conjunto é composto pela Secretaria de D. Fernando II, por documentação da Casa Real de finais do séc. XIX e início do séc. XX – sobretudo almoxarifado do Palácio das Necessidades, Ucharia e Manteria da Casa Real e por documentação considerada de carácter pessoal dos reis que viveram neste palácio, em especial de D. Maria II, D. Fernando, D. Carlos, D. Amélia e D. Manuel II.

Existem ainda diversos fundos pessoais que, durante o século XX foram doados ou adquiridos pela Fundação da Casa de Bragança.

Na sua maioria o acervo documental hoje existente tem carácter administrativo, contendo preciosas informações sobre as antigas comarcas da Casa de Bragança e seus almoxarifados, que se espalharam desde o Minho e Trás-os -Montes até à Estremadura e Alentejo, assim como todos os registos da chancelaria privativa da casa ducal, dos quais sobressaiem os livros das Mercês do Duque D. Teodósio II (1583-1630), registos que se prolongaram depois até 1834.

Dos mais distintos dos seus cartorários citam-se o engenheiro Manuel da Maia, o Pe. Manuel António de Ataíde, que lhe sucedeu e, mais tarde, em meados do século passado, Pedro António da Silva Rebelo, que procedeu a uma profunda reforma e reestruração do arquivo, a qual perdurou até à actual organização iniciada em 1949 sob os auspícios da Fundação da Casa de Bragança.

Nos seus princípios, o Arquivo Histórico esteve instalado em Lisboa, sucessivamente no Palácio dos Duques de Bragança, na Praça do Comércio (Entre a Rua Augusta e a Rua do Ouro), Casa do Risco do Arsenal de Marinha, Palácio das Necessidades, Palácio do Rossio, Rua Vítor Cordon, donde transitou em 1945 para o Palácio de Vila Viçosa. Nesta Vila passou ainda por instalações do Castelo, entre 1965 e 1988, data esta em que se transferiu para as actuais dependências.

O extenso conjunto documental distribui-se por sete salas, organizado por séries de entre as quais se destacam as seguintes: Reforma do Cartório (1756), Registo Geral (que integra as Mercês, os Tombos, etc.), Aforamentos, Direitos Extintos, Autos Cíveis, Assinaturas Régias, Administração Geral (de 1834 em diante), D. Fernando II, Delegação de Barcelos, etc., além de uma importante série de avulsos.

Arquivo Musical

O Arquivo Musical, tal como hoje existe, decorre da reunião, em meados do séc. XX, de diversas espécies musicais que se encontravam no Paço Ducal de Vila Viçosa, vindas de proveniências muito diversas.


Desde o século XVI que a Capela do Paço Ducal foi considerada como Capela Real, elevando a música sacra, que aqui fazia. Aqui escreveram e tocaram músicos como Roberto Tornar ou João Lourenço Rebelo. O próprio D. João IV, oitavo Duque de Bragança foi compositor e executor deste género musical. Para prover ao coro da Capela, existiu neste Paço uma escola de pequenos cantores, chamada o Colégio dos Reis Magos, de onde saíram músicos como João de Sousa Carvalho.


Aos conjuntos musicais da Capela Real e Colégio dos Reis juntaram-se os impressos e manuscritos musicais vindos do Palácio das Necessidades após a implantação da República. Este conjunto incluía música sacra, mas também profana


Aqui podemos encontrar diversos conjuntos: óperas e libretos que, vindos das Necessidades, poderão, alguns deles, ter vindo do Brasil após o regresso da Família Real; Partituras utilizadas no Palácio de Mafra e em capelas da Casa Real, como a do Paço da Bemposta; periódicos musicais, na maior parte estrangeiros; e toda a música adquirida ou oferecida à família real que viveu no Palácio das Necessidades, havendo muitos exemplares com dedicatórias dos seus autores. Há, ainda, um conjunto vindo do Palácio da Ajuda em 1952, considerado ainda como propriedade particular dos últimos monarcas e, portanto, devolvido.


O Arquivo Musical tem um catálogo elaborado pelo Pe. Augusto Alegria em 1989, que hoje em dia se pretende actualizar, em colaboração com o CESEM, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com quem existe um protocolo de colaboração.

Tudo isto concorreu para que o Arquivo Musical se tornasse um dos melhores do nosso País, tal como o comprova o catálogo elaborado pelo Pe. Augusto Alegria em 1989 e o trabalho de actualização em curso, a decorrer em colaboração com o CESEM, da FCSH da Universidade Nova de Lisboa.

Arquivo Fotográfico

A Família Real era grande apreciadora de fotografia. Esse gosto traduz-se nas inúmeras fotografias das mais variadas situações e factos. As dezenas de álbuns incluem registos familiares que retratam as férias em Cascais, as caçadas em Vila Viçosa, uma tourada infantil em Sintra e numerosas viagens, bem como uma multiplicidade de cerimónias e circunstâncias oficiais.


Este Arquivo é constituído por exemplares dos mais conceituados fotógrafos da época, que acorriam aos diversos eventos e cerimónias oficiais. Existem mais de 40 000 fotografias, incluindo algumas posteriores a 1910, quer das cerimónias do funeral do Rei D. Manuel II, quer da visita da Rainha D. Amélia a Portugal. Um núcleo mais recente documenta os espaços, colecções e actividades da Fundação, i. e., as visitas, as conferências, os concertos e as cerimónias realizadas no Paço, no Castelo e no Convento dos Agostinhos. Convento dos Agostinhos.

O Arquivo possui ainda três filmes antigos e únicos: “Nuno Álvares, Herói e Santo”; “A Batalha de Flores no Campo Grande”, de 1907; e “Viagem do Príncipe Real às Colónias”, também de 1907. Estas obras estão depositadas na Cinemateca Portuguesa.